A morte súbita de Grace Ashbury foi um choque para todos, inclusive para ela. "Uma perda lastimável", foi o último pensamento que cruzou sua mente, antes que seu corpo inteiro se chocasse contra o chão de linóleo. O sangue que agora estagnava em seu corpo, outrora fora quente e ocre, como a sua alma, que fervia com paixão. Mas, no presente momento, a chama da existência de Miss. Ashbury se apagava, pouco a pouco, com um leve brilho perolado, e muita surpresa. Não que ela nunca tivesse imaginado sua morte. Pelo contrário, na infância costumava passar horas imaginando o incêndio que lhe lamberia a vida, fumegante. Ou a pressão de toneladas de oceano sobre seus tímpanos, afogando sua alma lentamente... O que mais aborrecia Grace, entretanto, não era simplesmente morrer. Era morrer assim, ao relento, uma morte súbita, sem paixão, sem mistério. Grace sempre fora daquelas românticas inveteradas, ela queria morrer de amor.
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