Donaldson Faithless Pickhunter, um funcionário público de Bristol, Avon, Inglaterra. Julgava morar sozinho há oito anos, após divorciar-se de Glaucia Megerah Greensburroughs. Mas, num surto de lucidez, horrorizado, descobre que a ex-esposa está em sua casa e que jamais saiu dela desde a separação.
Os dois discutem, se ofendem, brigam. Até que Donaldson, com uma capacidade de iniciativa invulgar para um niilista crônico, consegue convencê-la a ir embora para sempre de sua casa e de sua vida.
Donaldson, interiormente, chora por se sentir um idota desprezado. E conclui pra si mesmo que a vida não passa de um vale de lágrimas. Ele está sozinho na cozinha olhando para o relógio de parede. O tempo, pensa ele, é a única coisa que não podemos controlar.
Pela porta, ainda escancarada pela saída de Glaucia, entra, silenciosamente, Amanda Porsche, a veterinária de Vanessa, a gata siamesa de Donaldson. Ele ama Amanda. Mas Amanda sempre lhe disse que assim como ela esperaria por ele, ele devia esperar por ela, para que o tempo, no momento certo, os unisse. Donald respeitava isso por achar uma idéia muito bonitinha. Mas ficava puto da cara.
Com o olhar ao mesmo tempo compreensivo e severo, Amanda cumprimentou timidamente o consternado Donaldson. Numa seqüencia muda de atos mecânicos e tristes, ele prepara um café para ela. Os dois sentam à mesa. Donaldson não quer olhar para Amanda pois tem vergonha de demonstrar os olhos úmidos e o semblante sofrido. No fundo, ele se sente um otário. E ficam ali os dois, sem nada dizer, ouvindo apenas o tic-tac do relógio da cozinha.
Amanda Porsche quebra o silêncio e lhe diz com franqueza:
"Como tu é demorado, Donaldson... levou oito anos pra tirar a tua esposa de casa... e três anos pra arrumar a luz do banheiro... como conseguia viver assim ? Um abajur pendurado no teto, com o fio ligado na tomada... era bonito e exótico até... mas por demais preguiçoso, não acha ? Eu sei... eu sei que arrumar a fiação interna é um saco... mas enfim, você mesmo disse que o que molda o nosso destino não são os nossos atos: é a nossa preguiça... eu até usei esta frase no meu nick do msn."Os dois discutem, se ofendem, brigam. Até que Donaldson, com uma capacidade de iniciativa invulgar para um niilista crônico, consegue convencê-la a ir embora para sempre de sua casa e de sua vida.
Donaldson, interiormente, chora por se sentir um idota desprezado. E conclui pra si mesmo que a vida não passa de um vale de lágrimas. Ele está sozinho na cozinha olhando para o relógio de parede. O tempo, pensa ele, é a única coisa que não podemos controlar.
Pela porta, ainda escancarada pela saída de Glaucia, entra, silenciosamente, Amanda Porsche, a veterinária de Vanessa, a gata siamesa de Donaldson. Ele ama Amanda. Mas Amanda sempre lhe disse que assim como ela esperaria por ele, ele devia esperar por ela, para que o tempo, no momento certo, os unisse. Donald respeitava isso por achar uma idéia muito bonitinha. Mas ficava puto da cara.
Com o olhar ao mesmo tempo compreensivo e severo, Amanda cumprimentou timidamente o consternado Donaldson. Numa seqüencia muda de atos mecânicos e tristes, ele prepara um café para ela. Os dois sentam à mesa. Donaldson não quer olhar para Amanda pois tem vergonha de demonstrar os olhos úmidos e o semblante sofrido. No fundo, ele se sente um otário. E ficam ali os dois, sem nada dizer, ouvindo apenas o tic-tac do relógio da cozinha.
Amanda Porsche quebra o silêncio e lhe diz com franqueza:
"Tu, Amanda ? Dizendo que eu sou demorado ? Tu está há dois anos tomando café comigo... e esse café deve estar frio."
"Não, Donaldson... ele ainda está quente, eu te prometo."
Antônio Asdrubal (2009)
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