qualquer coisa grite meu nome:

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

de que tribo és ?


Os melhores seres humanos que eu já conheci não tinham tribo alguma. Muito pelo contrário, pareciam irradiar sua luz num eterno transitar entre as tendências. As pessoas mais geniais que eu já vi passar em minha vida simplesmente não se encaixavam, brincavam de adicionar. Como se fossem peças de um lego de sangue e carne, esses seres jamais parariam em qualquer canto, jamais se acomodariam. Viam graça num eterno crossing-over de informações. Exatamente como eu gosto de dizer, inteligente é aquele que se adapta e tem a mente aberta, e nunca, nunca teme uma mudança. Inteligente é aquele que vive livre de qualquer convicção.

dalí.

Se a miss Moustache fosse escolher a dedo um pai de pêlos, por decerto este haveria de ser Salvador Dalí. Além de um excelentíssimo e bem arquitetado bigode de pontas finas e delgadas, Dalí também tinha o dom do pincel (e que gracinha, pincéis são feitos de pêlos). Coisa que a miss Moustache não simplesmente admira, mas também tenta absorver como se fosse o ar e a água que a cercam. Dalí era um cara genial, com todas as peculiaridades e excentricidades de um cara genial. E talvez por isso o amor da miss Moustache seja tão gritante. Psicodélico. Vibrante. Uma obra-prima surreal.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

land-in.


Já fui cowboy. Daqueles que usam esporas niqueladas, e açoitam seus cavalos contra a noite. Que carregam um rifle Winchester, e fogem dos que têm a pele vermelha, por causa dos seus loucos rituais e do hábito de serem canibais.
Já fui gangster. Assaltando bancos e apostando vidas. Empunhando minhas Tommy Guns, abrindo crateras no governo americano. Inimigo público, freqüentando bordéis e ganhando os corações de garotas louras, loucas e lindas.
Já fui pirata. De perna-de-pau, gancho na mão e papagaio no ombro. Comendo bananas em ilhas do Caribe, e bebendo rum até o sol raiar. Roubando, saqueando, pilhando cidades inteiras, e fugindo para a imensidão negra do mar.
Já tive muitas fantasias, inventadas na hora, ou não. Já brinquei de ser mais do que apenas eu, e não pretendo parar agora. Ainda não...

heathcliff

A miss Moustache acredita, do fundo do seu coração grayscale, que Heathcliff não era um cara inteiramente mal. Está certo, e comprovado, que a maldade e a vingança não levam a lugar algum. Que o ódio e a amargura matam. Lentamente ainda por cima, a pior forma de morrer. Mas Heathcliff não fez de propósito. Ou talvez tenha feito, mas de certa forma a culpa não é toda dele.
Se você já leu “O morro dos ventos uivantes”, sabe do que a miss Moustache está falando. Se não leu, deveria desligar esse computador agora, e procurar urgentemente uma biblioteca. Se há algo que a miss Moustache não suporta, é falta de cultura. Aí, nem tendo a barba mais linda do planeta meu amigo, ela não vai gostar de você. Não mesmo.
Agora, voltando aos nossos amigos da época vitoriana, dizer que Heathcliff é o único vilão daquela história é negar o óbvio: em histórias de amor não existem mocinhos ou bandidos. Em histórias de amor somos como um só. Em histórias de amor, tanto faz se você é Heathcliff ou Linton ou Cathy, é preciso ouvir seu coração, sempre. Quando se cala o coração, se consente com a dor e a infelicidade. Ignorar os sentimentos é convidar a amargura a fazer estadia permanente dentro de nós. E aí não se pode culpar Heathcliff, ninguém quis ouvir o coração dele.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009




Tem dias que a gente acorda pra dentro. São dias de melancolia e choro reprimido. Dias de ver o mundo passar e nos deixar pra trás. De ver a idade chegar, com gosto de sal e sangue. São dias desses de tédio e água garganta abaixo, que é pra ver se a gente afoga a mágoa. Que é pra ver se a gente se livra da melancolia concentrada.

sábado, 24 de outubro de 2009

c o l o r f u l l b a l l o o n s .



George chegou por último naquele dia, e segurava balões coloridos que ninguém esperava o ver segurar. Os balões contrastavam gritantemente com a cor laranja de seu terno. Mas o que é isso? Paul se perguntava, meio sem saber o que o amigo faria com aquela procissão vibrante. Ringo, entretanto, foi o primeiro a esboçar uma reação física. Sorriu, ensimesmado, como quem dizia: Só podia ser você.
- Aniversário de alguém? - o baterista perguntou, pondo as mãos nos bolsos, e tirando uma carteira de marlboros de lá.
George foi pego de surpresa.
- Não! Eu só passei pelo parque, e vi um cara vendendo isso... Ele me pareceu tão infeliz que eu tive que comprar todos, para que ele pudesse ir mais cedo para casa. - Ele olhou os balões, parcialmente hipnotizado pelas cores. - E depois eu não consegui me livrar deles. É que são tão bonitos...Paul meneou a cabeça, compreendendo. Mas ainda assim não pode conter o riso. Sua gargalhada logo foi acompanhada pro Ringo e George. E então os três perceberam um flash, fotos... Eternizando aquele momento de balões coloridos e sorrisos caricatos, para sempre.

homem quase.

O homem não tem nome.
A alma do homem não respira.
Os pulmões do homem são opacos.
E sua mente não é mais colorida.
O homem não tem vida, mesmo que se mova.
O homem respeita a inércia e come o lixo que a chuva varre.
O homem esqueceu o sol, o raio e o fogo.
O homem não lembra o nome do jogo.
O homem não sabe o que é amor.



domingo, 18 de outubro de 2009

share the shelter of your bed.

Hoje foi um dia bem diferente de todos, carregado de risadas doces, e um pouco de tontura alcoolicamente induzida rs E teve até tempo de sentir uma certo ressentimento, e de me arrepender disso, profundamente, logo depois. Deu pra ver Little Miss Sunshine e comemorar quando toda a família Hoover dançou junta no final. E deu tempo de sentir a alma mais leve porque o Dwayne é lindo *-* E o Jim Morrison, e o Keith Richards também. E então aqui estou eu, falando neles de novo rs

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

cloud 9

just imagine you are a cloud,
so you pass by me and i kiss you.
then you, a toughtful cloud,
reflect about life and
discover you don't exist at all.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

meu velho pôster esfarrapado (revisited)


♫♪♫♪
One, Two, Three, Four.

We´re Sergeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band,
we hope you have enjoyed the show.
Sergeant Pepper´s Lonely Hearts Club Band
we´re sorry but it´s time to go.
Sergeant Pepper´s Lonely,
Sergeant Pepper´s Lonely
Sergeant Pepper´s Lonely
Hearts Club Band.
We´d like to thank you once again
it´s getting very near the end.
Sergeant Pepper´s Lonely,
Sergeant Pepper´s Lonely,
Sergeant Pepper´s Lonely,
Hearts Club Band.
♫♪♫♪

a new planet rises.

Ela acordou naquela manhã sentindo, de um modo estranho e inexplicável, que o mundo inteiro estava três centímetros mais profundo. Como se as músicas, os livros, os ícones, as bandas e os anos 60 agora não fossem apenas e somente parte dela. Como se todo o resto do planeta fosse uma esponja bem grande, mas tão grande, que absorvesse tudo que um dia constituíra a sua alma... E, por causa daquela constatação tão densa, mexeu demais a cabeça, percebendo que aquilo era impossível, que só podia ser um sonho, que era bom demais pra ser verdade... Foi então que ela percebeu que ainda não havia acordado pra valer.

enjoy the show.


Eu fazia o mesmo caminho de sempre, voltando da escola, quando vi um pôster do Sgt Pepper’s, encostado na calçada. Era um papel bem ferrado, muito velho, marcado de sol e traças, faltando uns pedaços, inclusive as ilustres cabeças de Ringo, George e Paul. Mas quem precisa disso quando se é fã dos Beatles? Se há uma coisa que eu sempre exercitei ouvindo os caras é minha imaginação. Então eu trouxe aquilo pra casa, tratei de recortar tudo que podia ser reutilizado, e fiz uma colagem linda, linda. É assim que são as coisas, a graça reside em ver o bonito em tudo aquilo que o resto do mundo acha feio e inútil.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

BlackBird.


Quando eu era um apenas garoto inocente, morava com minha avó na reserva indígena. Ela era a curandeira de lá, e às vezes eu tinha que acompanhá-la quando ia fazer aqueles rituais estranhos. Eu não acreditava muito nas coisas que ela me dizia que fazia, especialmente porque eu sempre ficava de fora. Ela não me deixava entrar, dizia que os espíritos mais antigos cobiçavam uma alma pura como a minha. Eu ainda não acreditava em nada disso, mesmo criança eu já sentia que era capaz de matar, eu sabia que havia algo muito errado dentro de mim. Mas talvez fosse exatamente isso que os espíritos da vovó cobiçassem, e ela jamais me diria a verdade, ainda tentava me proteger. Um dia, a tarde já ia longe, o sol se pondo, lançando aquele brilho sinistro na terra vermelha, ela olhou pra mim e me perguntou, com a voz um tanto quanto rouca:
- Você quer se transformar em uma coruja Alexander? Você sabe que eu consigo fazer isso.
Até hoje eu não sei de onde ela tirou aquela idéia. Eu realmente me perguntava que pássaro eu gostaria de ser, e sabe lá deus como ela pode me ouvir. Mas eu jamais seria uma coruja, essa história de ficar parado só observando, essa coisa de sabedoria ancestral, aquilo não me apetecia.
- Não vó, eu preferia ser um pássaro preto.
Ela suspirou triste. Acho que desde então minha avó já sabia as coisas que eu faria quando fosse mais velho. Acho também que foi a partir daquele dia que eu passei a acreditar nas coisas que ela fazia. E tenho certeza que foi naquele momento que os seus espíritos velhos finalmente conseguiram aquilo que tanto cobiçavam: minha alma.

domingo, 11 de outubro de 2009

ivre.

Deixa eu te contar uma coisa coração. Não é todo mundo que merece você, então trate de se desapaixonar. Trate de esquecê-lo. Enquanto é tempo.

sábado, 10 de outubro de 2009

l e t i t b e .

Não sei por que cargas d’água eu quis ter um blog, um pedaço de mim que eu dilacero, destilo e distribuo no mundo. Não sei que alma desencarnada me sussurrou a idéia de construir uma trama de cicuta, palavras cobertas de velharia e cantores mortos. Não sei mesmo, mas até que gosto daqui. Enquanto eu não souber maneira melhor de gritar essas coisas por aí, as escreverei nesse limbo. Alguém já disse que tudo que se escreve, fica. Quem sabe um dia, daqui a 50 anos, alguém não acha meus textos? Como se acham pequenos tesouros enterrados na areia da praia. E faz das minhas idéias um mantra de vida. Gosto da idéia de um texto que salva a vida de alguém. Gosto da idéia de alguém que vive um pouco mais, porque se identificou. Gosto da idéia de não tentar o suicídio.

as if i were jim morrison.

"As pessoas dizem que não sou santo, e talvez eu não seja mesmo. Não, eu realmente não sou santo, mas quem disse que é assim que deve ser? Quem foi que disse que a vida é feita de castidade e pureza? Quem foi que disse que eu quero um halo em volta da minha cabeça? As únicas curvas que almejo são as do corpo de uma bela mulher, e o gargalo da garrafa na minha garganta."

sweet child o' mine.

Ele veio andando até mim, a barra do pijama arrastando no chão de madeira, os cachos crescendo meio rebeldes pra todos os lados, e era lindo. Não se importou em chamar a minha atenção, mesmo que atrapalhasse meu trabalho, e nem eu me importava.

- Eu quero dormir, mãe.

Ele disse isso assim, como quem não quer nada, como se fosse uma declaração qualquer, e estava feliz, estava agitado, estava alegre. Eu tive que sorrir, ele era tão parecido comigo que eu achei que podia doer, ele era parte de mim.

- Então durma meu amor.

-Mas eu não consigo.

- Ah, mamãe dá um jeito.

Eu o levei até a cozinha e esquentei um copo de leite, então fomos escovar aqueles dentinhos tão pequenos, e eu me perguntava como seria quando ele fosse maior do que eu. Como eu faria pra esquentar um copo de leite pra alguém que não precisava mais? Mas ainda não era hora de se preocupar com isso. Eu o coloquei na cama, ele me perguntou pelo pai.

- Ele já vem, meu bem. Tá trabalhando, você sabe.

Beijei a ponta do seu nariz, e em cinco minutos ele dormia. Meu anjinho Bernardo.

honey pie.

Você não muda, eu não mudo. Mas nada está igual, por quê? É tão sutil que não se percebe, mas daqui a 5 anos não seremos mais os mesmos, não. Mas você não muda, não é? Você não muda, e eu não mudo. O que mudou foi o mundo. Uma pena. Eu queria poder, um dia, olhar pra nós dois e dizer que somos os mesmos de sempre, mas já não somos mais. Talvez, se tivermos sorte, possamos mudar juntos, e nosso amor será a única coisa que permanecerá. Talvez.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

to get me outta here.

Quando nós todos éramos mais jovens, a vida realmente parecia mais fácil. Bastava pôr um bom LP naquela vitrola no canto da sala, e você podia sentir o groove encorpando o ambiente, na mesma hora. Não importava o quão indomável você fosse fora de casa, os pais ainda eram aqueles que paravam toda e qualquer situação absurda, porque estavam presentes e podiam ver no que você ia dar.

Quando eu andava pelas ruas, não via ninguém com armas, ameaçando os que passavam. Não que não houvesse violência, mas pelo menos parecia que existia respeito. E sempre se podia contar com os policiais, eram autoridade e estavam limpos.

Hoje em dia tudo está cinza e perdido. Parece que a modernidade nos tornou individualistas e competitivos demais. E aqueles que ainda estão presos ao passado simplesmente não conseguem viver em paz. Porque não entendemos e não queremos aceitar o que houve com nosso paradiso.

Onde foram parar aqueles dias longos de sol amarelo e Beatles cantados entre amigos? Onde?

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O V N I .

Acredita-se em extraterrestres. Eles tomam cereais com leite e pão quente no café da manhã. Têm um par de mãos, e vêm em todos os formatos, altura e cores possíveis nesse universo infinito. São criaturas benignas e amáveis, com uma tendência ao altruísmo puro. Graças à NASA, escutam Across The Universe, e, com sua inteligência matemática avançada, reproduziram algumas vertentes semelhantes ao psicodelismo. Também gostam de ler, especialmente obras de conteúdo Beat. Acreditam na teoria da relatividade, e se assombram com o fato de um terráqueo disléxico, simplório, ter chegado muito, muito perto de decodificá-la por inteiro. Aliás, o único tabu que corre pelas rodas de lá de fora é a existência da humanidade. Alguns insistem que Einstein e os Beatles são invenções do governo, mídia. Outros acreditam piamente na força dos humanos. E quanto à mim, vocês se perguntam ? Bem, eu ainda estou dividida.

drowse.


Faço das palavras do Queen minhas palavras.

Já que tudo que eles dizem é como ouro pra mim.

É a minha banda. Minha mesmo.





"Meu corpo está doendo, mas eu não consigo gritar.

E meus sonhos são a única companhia que eu tenho."

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

caninis polanski

Se você mora dentro de uma caixa preta, nada se desenvolve. Você tende a se curvar no espaço diminuto da sua consciência. É assim que funcionam as mentes pequenas e os músculos atrofiados. Os atletas enervados e os maníacos assassinos do parque, qualquer parque. Não sei, eu acho que queria falar do gene psicopata, porque eu sei como é tê-lo, é algo que bem me cabe. Mas hoje não, hoje eu tô preocupada demais, cansada demais, estressada demais e com saudades dos toques fantasmas dele. Sabem o quê mais? Eu queria saber porque Roman Polanski fez aquilo. Enganou a todos nós com a pele de cordeiro vítima, e no final ele era o lobo de Sodoma. O lobo de Sodoma e solto por aí. Mas depois eu falo disso, também. Quando for pra falar do gene psicopata, porque é algo que bem cabe, tem tudo a ver com lobos.