qualquer coisa grite meu nome:

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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

oi?

Dizer que recomendo esse aqui é relativamente pouco.. Sério, LEIAM E LEIAM MUITO!

PS: Hillé, quero trabalhar com vocêêê! Juro que tenho muito amor e curto o grande e triste Nit [sic]. haha

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Oceania estava em guerra com a Lestásia: a Oceania sempre estivera em guerra com a Lestásia. Grande parte da literatura política dos últimos cinco anos tornara-se completamente obsoleta.

George Orwell, 1984.

domingo, 22 de maio de 2011

I loved you and it was not my fault.


Fazia frio, um frio daqueles que preenche as fantasias de natal de pessoas que moram em terras tropicais. Frio que passava pelas tramas de algodão e lã das minhas roupas mornas e congelava os ossos embaixo das minhas carnes. Eu sentia pena do peixe dourado no aquário diminuto sobre a mesinha do quarto, e decidi que encher o aquário com água morna da torneira era uma boa forma de aliviar esse sentimento obscuro.

Quando ergui o vidro contra meu corpo, o peixe boiou pateticamente seguindo a inércia dos meus movimentos. Um peixe que não tem forças sequer para contrapor as forças das águas ao seu redor é motivo suficientemente triste pra deixar muita gente refletindo sobre a injustiça do mundo... De qualquer forma, lancei um olhar sobre as escamas que não reluziam, que estavam agora amareladas, sujas e empobrecidas; traíndo o fulgor do dourado que antigamente brilhava refletindo o sol da janela.

Fui até a pia do banheiro e girei a torneira para o ponto morno. Testei a água com o dorso de minha mão e, satisfeita, posicionei o aquário sob a torneira. Imaginação minha ou não, vi o peixe abrir a boca extasiado, como quando mergulhamos muito fundo e no último minuto de ar e de fôlego rompemos novamente a superfície da água. Comecei a pensar em outras maneiras de manter meu companheiro vivo até o fim do inverno. Mais comida? Enrolar alguns cobertores em volta do aquário? Colocá-lo em cima do aquecedor? Guardar meu peixe dentro do forno - obviamente desligado?

Me distraí, e só no último segundo percebi que o peixe havia caido na pia e lutava com seus últimos instintos contra a pequena correnteza artificial que o puxava para o ralo. Cravei minhas unhas em seu rabo gelatinoso, o frio da porcelana ensopada enviando choques para o meu sistema nervoso, o peixe derretia sob meus dedos e no segundo seguinte, já não havia peixe nenhum. Ele se fora, ralo abaixo, junto com toda a água fria.

Voltei para o quarto, pus o aquário vazio sobre a mesa novamente e voltei a sentar na poltrona de leitura. Era sempre assim, em todo o lugar o inverno fazia suas vítimas, tragando a gente ralo abaixo, junto com todo o frio do mundo.

domingo, 10 de abril de 2011

Creio que eu tenha me apaixonado por ela naquele primeiro dia, quando a vi andar. O corpo todo me lembrava a forma estranha que o mar tem de jogar e seduzir a gente sobre as ondas. Era mais ou menos assim que eu via as coisas, que eu a via. Como um pedaço vivo de oceano que tivesse escapado do que deveria ter sido. Era bastante instintivo. E talvez essa peculiaridade explique o que eu não consigo explicar, que é porque eu não podia me afastar dela... Poucos homens sabem do que falo, mas aquela mulher era do tipo que você não pode esquecer, por mais que tente. Ela nos atrai e repulsa ao mesmo tempo. Creio que ainda a ame.

sexta-feira, 11 de março de 2011

sistema

O marido diz à vendedora que vá embora. E que não olhe para trás. E que leve todas as caixas. E que não sorria para a esposa.
A esposa se sente submissa, mas o pelo do novo casaco de pele parece que apaga o peso da submissão.
O marido sorri, acariciando as notas de dinheiro no bolso.
A vendedora vai embora, labutando, carregando as caixas cheias de sonho que nunca lhe pertenceram. Sonhos que ela vende para quem pode pagar. Pagar o dinheiro que também não vai lhe pertencer.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

coffee bullets and cigarettes



Você fumava desde os 11 anos. Aprendeu com o seu pai, que aprendeu com o pai dele, e que também ensinou à sua mãe. E fumava primeiro aqueles restos que os dois esqueciam nos cinzeiros que mandavam você limpar, sem deixar sujar o chão. E contou pros seus amigos da escola como era a sensação de escrever no ar com a fumaça. E como você gostava da cor azulada da fumaça, como gostava ! E às vezes pulava refeições inteiras, sem nenhum problema, se tivesse do seu lado xícaras de café e carteiras de cigarro. E aprendeu a dirigir pela primeira vez porque seu pai era velho demais pra ir pro mercado sozinho comprar os cigarros, e você queria levá-lo mais rápido. E todas as namoradas que você teve, uma por uma, você acabou com todas elas porque insistiam que aquilo ia te matar. E nem o governo, com aquelas estúpidas propagandas anti-tabagistas, conseguiram assustar você. E quem diria, quem diria que aos 63 anos, não foi um enfisema, ou um câncer o que te matou. Mas uma bala perdida, disparada pela polícia militar, no cerco da favela na qual você morava. Contrariando o que todo mundo pensava ser previsível e fato consumado. Contrariando as leis da vida.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

às vezes sei ser arrogante.

Não ir ao teatro é como fazer a toilette sem espelho. /schopenhauer


Para quem não entendeu, Schopenhauer quis dizer que o teatro, como vertente direta da arte, encerra em si um perfeito reflexo da vida. Easy.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

House Of Red Sorrow

Repousando sobre a mesa, o brilho prateado do revólver seduzia. A vontade de fazer qualquer coisa era brilhante, embutida no cano longo daquela arma. Sentado na poltrona, descalço, ele observava as nuvens pela janela, falava sozinho, recitava uns trechos empoeirados de um conto esquecido há muito. Não se importava com os dias, as horas, não ligava para o meio-ambiente, não conhecia ninguém. Amava a extrema solidão. Havia cacos de vidro por todo o apartamento e a maior parte deles tinha aquele tom de garrafa velha de cerveja, alguns manchados de sangue. Não havia, entretanto, nenhuma gota de líquido desperdiçado no chão. A agulha da vitrola pulava no canto direito da sala. Ele levantou, cruzou a distância lentamente e repôs a agulha na primeira seção do disco. O som encheu o ar de vibratos e ele cortou o pé enquanto voltava para a poltrona. Em algum lugar da cidade ele sabia que alguém ria, mas se sentia bem assim mesmo. Seu revólver ainda cintilava, os mortos já estavam todos mortos, e tudo estava bem.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Pegue uma caneta, pegue um papel, sente-se em algum canto triste e escreva sobre a vida. É a única coisa que você realmente precisa. E se fizer bem feito de verdade, ninguém jamais vai dizer que você é um homem sem imaginação. Simplesmente deixe que seus fantasmas fluam das horas para o texto, é o que sempre acontece comigo. Ninguém nunca entendeu. Ninguém nunca entenderá. Mas a questão não é quantas pessoas dançam contigo e sim se você é capaz de dançar sozinho. Aproveite os dias que tem, antes que seja tarde demais.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

you are locked in a prison of your own devise

Eu poderia morrer agora- ocorreu-lhe o pensamento, um devaneio - e todas essas pessoas no ônibus morreriam comigo. E muitas famílias iam lamentar por isso, mas no fundo, pouco a pouco, superar, e depois de algum tempo, nossa morte coletiva não faria a menor diferença para ninguém. O ônibus realmente sacudia, e ela sabia que era a única a pensar as coisas daquela forma. Ia no meio, ao lado de uma desconhecida, e ia ouvindo as músicas que sempre a relaxavam. Pensava também em como a vida é difícil e você nunca sabe quando perdeu uma grande oportunidade até ser tarde demais. Sentia sono, queria estar em casa e nunca mais sair de lá. É chato ser triste. - Concluiu, assombrada pela profundeza de sua alma. Mas chegou viva em casa. E saiu de manhã cedo pra estudar.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Não sei Borges, a vida me consome, desesperadamente. Sinto que o tempo corre, e quanto mais o tempo corre, menos tempo me sobra, entende Borges?! Ah, mas claro que você não compreende, me traga o meu martíni, que é muito melhor. A questão, Borges, meu querido, espere um segundo.. enquanto eu como.. essa azeitona. A questão, retornando ao nosso ponto aqui, é que quanto mais eu vivo, menos me sinto realmente viva. É como se a minha idade pouco significasse. Borges, meu filho, você acredita que quando eu tinha 13 anos, quase nada sabia do mundo mas era mais feliz? É muito triste Borges, muito triste. Viva antes que seja você nessa cadeira, acredite-me, sei do que falo Borges. Eu e meu Martíni.

sábado, 21 de agosto de 2010

Aqui existem regras que imperam sob a forma do silêncio. Não nos são permitidas muitas regalias e não nos são dados muitos sonhos. Mas o mais importante é que nenhum de nós parece ter o direito de questionar. Porque são as coisas feitas como são, e porque eu sou quem sou? Oras, eu exijo com todo o poder da minha voz ter a minha vida inteira de uma vez e com as minhas responsabilidades. Não quero mais ser parte integrante de ninguém. Não quero mais ter que ser vigiada cem por cento do tempo, como se eu fosse uma daquelas crianças de 3 anos a quem nada é permitido e o mundo inteiro é como muitas peças de lego (ou qualquer outro estúpido brinquedo) com o qual eu pudesse me engasgar. Porque eu quero mesmo me engasgar com o mundo, que é pra ver se depois de um tempo pelo menos eu consigo engolir. Eu quero minhas próprias portas, que serão abertas com minhas próprias chaves, e ai que surpresa boa, também meus próprios braços. Porque pela primeira vez eu quero sentir que o mundo é perfeito, eu sei que não é, mas quero realmente sentir algo assim. Não é a inexatidão das coisas que me chateia, é que eu não consigo admitir que poderia ser feliz assim mesmo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Você falou de deuses e eu falei de índios. Você falou de sonhos, eu falei de dias. Você falou de coisas que eu nem sabia. Achei que era impossível, achei que eu conhecia quase tudo que existia no mundo. Trouxe dentro de um livro cartas e cartas que sua avó escrevia quando tinha nossa idade. Cartas de amor, na nossa idade. Era um sonho só meu ou todo nosso? Confesso que eu viajava antes sequer de sair de casa. Era mesmo um sonho.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010


então os anos passam
365 putas me comendo
não é minha culpa
elas serem tão cruéis

às vezes acredito
nos anjos de neon que
com suas asas reluzentes
podem salvar minha alma

mas as canções que eu já
escrevi até então
provam que não tenho nada
mais do que sussurros

a maldição do poeta
é viver pra sempre
porque o que uma vez
chamamos alma, a chama,
agora já está morta
dark glasses
leather jacket
dead spirit
unbelievable soul
and
flaming motorcycle
giant roses across the nails
red vein of desert
sparks on my mind
and
gray texts
green letters
orange hair
black mind
and
sometimes
i just dont know well
what to do next
but more confusion

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Morrisons Fellings #1


Não existe maneira de sobreviver aos palcos. Da feita que se ergue sobre as massas, o diletante bardo se vê como o alvo de todas as energias. Ódio, paixão, obsessão, inveja. Você está lá, eles estão lá, querem um pedaço seu, só mais um pedaço e depois mais outro. Eles o querem, absoluto.

Às vezes o seu corpo é o único escudo e as suas forças não resistem sem uma dose de qualquer coisa. Muitos são os dias em que o rockstar acorda embriagado, sozinho e sem esperanças. Mas o poeta, sobretudo, acorda sempre assim. Dor. Acima de todo o desprezo.

Você teme por seus dias, você sabe que a noite, obscura, está logo ali. Cânticos entoados à meia-noite de uma sexta-feira vermelha. Sangue nas mãos. Sangue nos cabelos. Vermelhos. Não tenha mais medo. Marrakesch espera por nós dois. De novo.

domingo, 25 de julho de 2010

about love


"Era o sexo e não era o sexo. Era o tempo e não era o tempo. Eram as coisas como eram, que eu, como dele, era minha, e ele, como meu, era dele. Que, entre muitos pensamentos tortos, aprendemos a amar o respeito um pelo outro. E a admiração contínua, como um almirante da marinha, se fez presente em todos os momentos da nossa vida a dois."



sexta-feira, 23 de julho de 2010

generácion quasi

Noto minha geração, totalmente perdida.
Vocês escrevem seu futuro sobre a espuma,
galgam seus ídolos em ventos fracos
constroem seus ideais em cima de coisas que não duram.

Vejam o que vocês fizeram com o pensamento!
Depois de destruir a pureza, o sexo, a música,
a lealdade, o compromisso,
os laços duradouros, banalizar o amor, o que mais ?

Vocês são adestradores de tabus.
Suas crianças nascem mortas, castradas pelo desejo.
Presas pelas vontades, ameaçadas, controladas, fadadas.
Fantasmas anos antes de virem ao mundo, planejadas,
possuídas por todos e amadas por ninguém.

Noto minha geração, afundando em hipocrisia.
Vocês alimentam o próprio ego tecendo mentiras
habilidosas. Vivendo na escalada social.
Mentirosos !

Mentirosos ordinários e estúpidos.
Prisioneiros do ódio, da ambição, do dinheiro,
dos santos e do status.
Reduzidos a menos do que sombras rasas
daquilo que seus irmãos um dia tentaram ser.
Vocês não vivem um dia por vez, não vivem.

Antecipam as horas, surfam no controle do
tempo. Mas não entendem, não exergam,
que no fim é o tempo que se vinga de vocês.
Matando um por um nós todos desta geração maldita.
Matando um de cada vez.

Soul System


- Um dia eu vou conhecer o Marrocos. - Ela me olhou fundo enquanto profetizava, os olhos amendoados turvos por algo que era uma mistura violenta de emoção e excitação. Eu gostava absurdos quando ela me dizia esses impropérios. Juro que dava vontade de agarrar aquele rosto e nunca mais soltar, me atracar nela como um gato se atraca num tapete persa, beber aquela alma tão violentamente brilhante e inocente. - E é sério, eu sinto isso dentro de mim, é como uma brisa que me diz que um dia eu simplesmente.. Vou, sabe ?
- Mas porque você quer conhecer o Marrocos meu amor ? -Era uma pergunta meio sem sentido, mas condizia com o momento sem sentido, a fome exaurida dentro de mim, me alastrando. Quando estávamos juntos, ela e eu ou ela, eu e seu Marrocos, algo em mim se erguia, ganhava vida, eram nesses momentos que eu podia fazer coisas insanas e me deixava guiar por uma força invisível que estava sempre dentro de mim, mas só ela sabia como acordar.
- Eu vou para que o pedaço de Marrocos que mora dentro de mim, que está aqui desde que eu nasci, minha alma, meus pedaços, milênios atrás, encontre os outros pedaços de Marrocos que existem no mundo. - Puta que pariu. Que resposta mais linda, mais incrível, sem precedente, sem referências. Era por isso que ninguém conseguia julgá-la, ela era sem igual.
- Eu espero que tenha um pedaço de Marrocos dentro de mim também amor. Porque onde você for eu quero ir junto. - Era verdade. Ela riu e me envolveu com seus braços finos, olhando o céu por um instantes, filosofando sobre a origem da sua alma.
- Um dia eu vou conhecer o Vietnam. - Estava feita a mágica, um novo lugar para nós dois visitarmos. Logo depois do Marrocos.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

10 may 10

your body keeps shining
as a piece of liquid sun
golden leaves, marmoreum skins
your eyes have the same intensity
of plenitude
maybe your hair burns between
my fingers
but no one knows what is it
to feel your brightness inside
of my heart of iron
people would never know
what is it like