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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

- Joseph Beuys #2

- Eu Amo a América e a América me Ama (EUA, 1974)

Nesta performance, Beuys passou três dias trancado em uma sala de uma galeria nova-iorquina, tendo como única companhia um coiote selvagem. O coiote é uma espécie de lobo, e é tido por certos povos indígenas norte-americanos como um símbolo mágico, relacionado à cultura do xamanismo. Pois é este "pequeno" pedaço da cultura norte-america que guia as reflexões promovidas por Beuys. Qual é o real espírito americano ? Seria realmente a América a terra da liberdade, das oportunidades, quando a origem do país se cruza com a invasão das terras indígenas e o extermínio destas populações ? A postura político-social de Beuys levou-o a se opor à guerra do Vietnã, e essa atitude pessoal acabaria por interferir, de certa forma, na preparação dessa performance. Chegou no aeroporto envolto em um cobertor de feltro, e foi conduzido de maca até uma ambulância que o levou à galeria. Dentro da sala, Beuys às vezes assumia o papel do xamã, envolto em seu cobertor de feltro e segurando um cajado. Em outros momentos, deitava-se sobre a palha no chão da sala e observava o animal que, inquieto, retribuía o olhar, dando voltas ao seu redor. Às vezes, o coiote atacava o cobertor de Beuys, arrancando-lhe pedaços. Diariamente eram enviados à sala exemplares do Wall Street Journal, o jornal de maior circulação nos Estados Unidos, que tinham a única função de servir de mictório ao coiote. Mais uma crítica de Beuys ao sistema hierárquico e duvidoso da informação. Antes de ir embora, Beuys abraçou o coiote. E em seguida, novamente enrolado em seu cobertor, repetiu o ritual da chegada, sendo levado por uma maca até a ambulância que o levaria de volta ao aeroporto. Excetuando o chão da sala que dividiu com o coiote, Beuys sequer tocou o solo americano.

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