qualquer coisa grite meu nome:

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

à la Frankfurt School.

No msn, conversando com o Adizorde, caímos numa conversa muito filósofica a respeito da Indústria Cultural, dos conceitos de cultura e da alienação cultural. Vou transcrever os principais pontos que discutimos:

LaMarcê diz:
Se as fotos de divulgação são uma mídia para a veiculação do conceito do artista, muitos deles tendem a pôr nas fotos um conceito que não condiz com o que realmente são ou fazem, e sim o conceito que querem vender. Mas a gente sempre sente, ouvindo as canções, ou vendo o trabalho de perto, quem é o quê de verdade e quem só quer lucrar.

adi; diz:
Não necessariamente, nem todos tem este discernimento, geralmente precisam ter uma base cultural ampla antes. Senão se tornam apenas massa de movimentação, feita pra comprar os produtos que querem. E as pessoas não se importam deles quererem só lucrar. Não é algo necessariamente ruim.

LaMarcê diz:
Mas é aí que tá, eu penso como o Duchamp, o que difere o artista é o fato de que ele TEM que saber mobilizar os conceitos, tem que conhecer os signos. E um pouco como o Beuys, todo mundo é artista, todo mundo tem essa habilidade, mas a maior parte das pessoas escolhe inconscientemente viver na alienação cultural. E isso é sim mal. Acho que a maior parte das pessoas não se importam com o artista que só quer lucrar exatamente porque não têm esse discernimento que a gente tá discutindo aqui. Por isso que pra elas tanto faz tanto fez, porque não entendem o que esses "falsos" artistas põem em jogo. A cada novo ícone que surge, fazendo a arte desse jeito, mais distante fica a relação arte x espectador. A gente perde o senso do que somos capazes de fazer, achando ou tudo muito fácil (vide restart) ou muito difícil (vide pseudo coragem da Gaga).

adi; diz:
Entendi em partes. Mas é muito difícil definir alienação cultural, sem observar os extremos, né. Tem que ver na prática, como é a alienação cultural. É difícil definir. Só porque eu compro um cd do Restart eu não estou sendo alienado. Pra mim alienação cultural é ser uma massa de movimentação (espero que esse seja o termo), sendo usado de várias formas: política, econômica e até social. O que eu quero dizer é: se eu comprar um cd do Justin Bieber, que ele não fez nenhuma das músicas, e é só pra vender, eu sou um alienado ?

LaMarcê diz:
Pois é, isso é um erro comum das pessoas, achar que só porque você gosta do que "tá na moda" você é alienado. Não é. Assim como nem todo mundo que gosta das coisas "mais complicadas" escapa da alienação. Não. Se você compra um cd do Justin Bieber, sabendo que o som dele é meio duvidoso, que a intenção dele com as músicas é de promover a diversão juvenil, que não tem nenhum tipo de vínculo revolucionário ou político, meu, você não é nenhum um pouco alienado (talvez tenha um gosto musical tr00, mas ok). Agora se você compra um cd do Justin Bieber, sem nem tentar saber como ele é, como compôs ou não as canções, se você insiste que ele é FOOODA DEMAIS, um gênio, a melhor coisa que já aconteceu. ALIENADO !

Resumindo, alienação cultural não é a informação que você tem, mas o que você faz com ela. É se abster de entender os signos, as consequências e os efeitos da sociedade em que você vive. É se recusar a tentar conhecer tudo que existe, ou pior, nem sequer se dar conta disso.

LaMarcê diz:
Na verdade, o que eu disse é que quem não é alienado sabe se o cara faz aquilo pra vender ou não. E é só isso que importa. Porque se a pessoa vai ou não consumir aquele trabalho, isso já é com cada um, certo ?

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