qualquer coisa grite meu nome:

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

For the people who like to get down slow:

Quando não fazia muito frio na cidade, e as noites estavam suficientemente nubladas para nossos olhos sensíveis, Keith costumava vir me pegar em casa. Saíamos às ruas, para andar e beber um pouco, relaxar. A gente carregava quantas garrafas pudéssemos, a pé. Eu estava acostumada a ter gargalos espetados dentro da mochila, no forro do casaco, nos bolsos. Pouco importava se a bebida fosse ficando quente com o passar das horas, ou que não tivéssemos onde sentar. Para ser totalmente sincera, a gente era jovem e impulsivo demais para se preoupar em parar um pouco, em sentar.
Ele sempre trazia consigo alguns cigarros, mas nunca dentro das carteiras originais. Seu fumo ficava numa cigarreira prateada, que um dia tinha sido do seu pai, e que eu acho que ele carregava para todo lado como um prêmio de consolação. E era assim que funcionava pra gente, era nosso ritual. A gente bebia e fumava, e se Keith lembrava de levar a harmônica, também cantávamos alguns rocks e blues bolorentos. Nunca voltávamos para casa antes da meia noite, isso quando simplesmente não voltávamos para casa de jeito algum. A única coisa que jamais fizemos, e da qual me arrependerei eternamente, foi trepar na rua. Uma vez chegamos muito perto disso mas, não sei porque, simplesmente não terminamos ali mesmo. Acho que, muito infelizmente e contra nossa própria vontade, a pouca moral que tentaram incutir em nossas mentes quando crianças persistiu afinal. Uma grande pena.

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