qualquer coisa grite meu nome:

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Às vezes eu me acho um bocado Charles Bukowski, até escrevo como se fosse ele.


A maior parte dos homens que eu conheci tinha vidas de merda, vidas que não valiam lá muita coisa. Até eu. E o telefone toca de novo, me interrompendo. Eu odeio o telefone. Essa burocracia. É de se pensar, fora do sério, o que acontece se uma vez na vida eu simplesmente fingir que não escuto? Mas sou um cagão, seguro o máximo que é possível, mas sempre atendo antes do último toque, sou um cagão. E escuto a mesma voz vazia, zangada “você fez o que eu mandei? tem que mandar isso rápido pra ele e essa porra ainda vai demorar pra caramba!” Porra, que me interessa? Sei que é meu trabalho e não tenho nada contra o trabalho, é até digno e uma coisa capaz de engrandecer um homem se é decente e feita da maneira certa, mas que merda que meu chefe liga tanto e me atrapalha a vida mandando eu fazer um milhão de vezes a mesma coisa? Ele acha que eu sou um cagão. E eu sou mesmo.

Que tipo de vida imbecil é essa em que você tem que escolher entre ser minimamente feliz e decente ou simplesmente sobreviver?

Abro mais uma cerveja. O telefone toca de novo. Eu não o atendo pelo menos antes do último toque. Tem coisas que nunca mudam. Os homens ainda levam vidas de merda, e eu ainda sou o maior cagão que já existiu.

2 comentários: