qualquer coisa grite meu nome:

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Os Cães Ladram, Truman Capote, pg. 55


Ontem, voraz, lembrei-me de ter admirado os cestos de frutas do lado de fora de uma mercearia grande, por onde passei algumas vezes. Laranjas monumentais, uvas do tamanho de bolas de pingue-pongue, maçãs empilhadas em pirâmides vermelhas. Há algo de ardiloso nas distâncias aqui, nada é tão perto quanto se imagina, e não raro alguém viaja quinze quilômetros para comprar um maço de cigarro. Andei três quilômetros antes de avistar a placa na mercearia. As bancas enormes eram inclinadas, de longe eu já via as frutas esplêndidas: pêras, maçãs. Cheguei. estendi a mão para pegar uma das maçãs extraordinárias, mas ela parecia colada à banca. A vendedora riu. "São de cera", disse, e eu também ri, talvez um pouco exageradamente, e a segui pelas profundezas da quitanda, onde comprei seis maçãs pequenas, desanimadas, e seis pêras pequenas, desanimadas.

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