qualquer coisa grite meu nome:

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

a fairy called Artemisia Absinthium.


É este o problema com a bebida, pensei, enquanto me servia dum copo de absinto. Se acontece algo de mau, bebe-se para esquecer; se acontece algo de bom,bebe-se para celebrar, e se nada acontece, bebe-se para que aconteça qualquer coisa. Mas ainda acho muito melhor beber do que estar apaixonado. Porque as pessoas apaixonadas tornam-se muito suscetíveis, perigosas. Perdem o sentido da realidade. Perdem o sentido de humor. Tornam-se nervosas, psicóticas, chatas. Tornam-se, mesmo, assassinas.

Embriagam-se em outro líquido queimante que não absinto, ou licor, ou whisky, ou gim, ou vodka. E algumas delas também caem de porre, por simplesmente amar. Com esse minha mania metódica, me perguntei, qual é a diferença entre amar e beber ? Talvez porque o amor te traga de volta algo mais do que cirrose e morte precoce, saia ganhando no final. Pra mim tanto faz, aprendi a beber amando alguém. E ainda que pudessémos morrer lado a lado, gostaria que fosse com um último gole de conhaque, ou vodka, ou gim, ou meu tão fiel absinto verde de todos os dias.

Até porque, se tratando de sedução etílica, não tem perfume que me chame mais do que aquela fada verde, bonita. Farta de carnes e alvos os dentes, que vieram me beijar a têmpora dolorida. Essa fada absurda que me tira a dor de cabeça, e a tensão do corpo, que me relaxa e me desfaz em gozo. Esta mesma fada etérea e cor de esmeralda que me faz divagar numa mesa de bar, sobre bebidas e paixões mal resolvidas. Que me faz escrever contos e poemas sobre a vida sorvida em goles de absinto.

* inspirada em Charles Bukowski.

Um comentário:

  1. perdemos pra nós mesmos e morremos solitariamente sosinhos,em um sonho feliz...

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