qualquer coisa grite meu nome:

sexta-feira, 23 de julho de 2010

White Death Gallery

Tenho sempre o mesmo sonho, noite após noite, uma trama tão repetida que não me surpreendo com nada, nenhum dos detalhes, mesmo sendo tão estranhos. Eu ando por um longo corredor estreito, todo branco, sem distrações, e no fim do corredor tem uma porta simples, também branca. Eu tento entrar, mas a porta está trancada, e por suas frestas posso ver raios de luz, é uma festa. Eu consigo ouvir sons de gente dançando, cantando, conversando sobre os livros, filmes e músicas que eu mais adoro. Posso ouvir as vozes dos meus ídolos há muito mortos, meus fantasmas preferidos. E mesmo assim não posso entrar. Eu jogo meu corpo contra a porta, fecho os punhos e bato e arranho a madeira até que suas lascas entrem por baixo das minhas unhas e meus nós dos dedos sangrem, uma profusão de dor manchando a até então limpa e pura porta que me barra. E mesmo assim eu não posso entrar. Só o que posso fazer é voltar ao início do corredor, na mesma marcha lenta, e a cada passo que dou para trás percebo que meu sangue aos poucos some da superfície polida à minha frente. É o começo do meu sonho de novo. E eu nunca posso entrar naquela sala dourada. Nunca.

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